Uma das propostas do Troco do Café é trazer para você as histórias de quem está produzindo qualidade.
Não só a qualidade no café, nossa premissa básica, mas também a qualidade nas relações, no compartilhamento de informações, qualidade no tratamento ao outro, na ajuda para desenvolver o consumo do café especial brasileiro.
O Troco do Café não só fomenta todo o processo, como também faz parte desse grupo. Por esse motivo, também queremos compartilhar a nossa história!
Esperamos que possa ter utilidade na sua vida e já nos colocamos abertos para conversar.
O início de tudo
O Troco do Café não é um projeto guardado há anos dentro de uma gaveta, esperando o momento certo para ser colocado em prática. Nem foi concebido e desenvolvido por um agricultor ou alguém que trabalha com café há muito tempo.
Ele veio de um outsider, alguém de fora da área, que simplesmente se identificou totalmente com o café e decidiu fazer disso seu meio de vida, sua arte. Mas vamos com calma, vou falar de cada uma dessas coisas com mais detalhes.
O reconhecimento da insatisfação
A ideia de uma empresa não nasce pronta em nenhum aspecto. Ela é construída junto com o empreendedor. Leva em consideração sua vivência, valores, visão de mundo, expectativas, metas, projeções, capacidade de abstração e referências. Isso tudo é construído ao longo de uma vida.
Nessa regra não importa o tipo de negócio. Mesmo aquele que copia alguma coisa que viu em uma cidade que viajou ou aquele que tem uma franquia. As pessoas usam essas considerações, que as motivam a colocar as ideias em prática.
Vou compartilhar com você apenas alguns dos marcos mais importantes dessa trajetória, a fim de evitar um post muito longo.
Na minha visão, o primeiro marco importante foi quando eu passei a dar mais importância a insatisfação.
Morava na cidade do Rio de Janeiro em uma linda casinha de vila, na Zona Sul. Sempre trabalhei em ótimas empresas, com equipes de trabalho bacanas e colaborativas, recebendo bons salários. O que mais gostava de fazer era viajar e conhecer coisas e lugares novos. Eu viajava para o exterior pelo menos uma vez ao ano.
Tinha muitos amigos na cidade, praticava esporte com frequência e nos últimos anos o ritmo de trabalho estava mais equilibrado. Aparentemente estava tudo uma maravilha!
Entretanto eu sentia que aquela não era a cidade na qual eu gostaria de estar, com tantos problemas conjunturais que afetavam as nossas vidas de forma cada vez mais impactante. O trabalho não permitia que eu utilizasse nem metade no meu potencial. Não via propósito no que eu fazia, e muitas vezes não via nem mesmo os resultados diretos daquilo em que passava tanto tempo me dedicando. Em casa, no meu relacionamento, não era ruim, mas já não me fazia sentido ter nenhum tipo de discussão.
A mudança
Aqui entra o segundo marco importante: a coragem de mudar.
Após cerca de um ano de observação, leitura, preparação mental e financeira, procurei o gerente do meu contrato e pedi para sair. Ele ficou surpreso, ainda com bom humor perguntou se havia ganhado na loteria. Isso era fim de 2015, crise máxima no Brasil, engenharia em um buraco aparentemente sem fim.
O mais engraçado é que neste mesmo dia recebi a proposta de emprego dos meus sonhos, tudo que sempre havia almejado desde quando entrei na faculdade. E recusei. A vida, aquela mãe severa e amorosa, que te dá, mas que te testa antes. Nesse primeiro teste passei, o primeiro de muitos.
No início de 2016 zerava a vida. Voltei para as origens, para a casa dos pais, sem emprego. O discurso era que eu tinha sido demitida, para facilitar a vida deles (e a minha!).
Lidar com o vazio
Cresci em uma rua calma, com um irmão pouco mais velho. Quando eu não estava fazendo alguma coisa boba, era ele. Então estávamos sempre na natação (sério, a gente nadava muito! E ainda ia andando para a natação, em outro bairro). Ou seja, estávamos sempre ocupados. Quando não era isso estávamos em alguma parte do bairro correndo, andando de bicicleta ou brincando.
Depois veio a adolescência movimentada com tantos amigos. A faculdade fora dividida entre os estudos e a vida social, e logo em seguida o trabalho. Não precisa dizer neh?! Vida super intensa.
Como nunca havia lidado com o vazio, aquele início de 2016 foi dedicado a isso. Então comecei a tomar consciência de como eu queria viver nos próximos anos, como gostaria de trabalhar, onde. Comecei a explorar todos os porquês. Percebi um mundo de possibilidades nunca antes imaginadas. O melhor de tudo, era que eu poderia escolher qualquer uma delas, “já que no Brasil não tinha emprego” e “que já tinha atingido o sucesso social esperado”.
Encontro marcado
Foi nessa leveza dos dias que encontrei o café. Os mais experientes dizem que é o café que encontra a gente. Então o encontro aconteceu.
Inicialmente fiquei pasma com o fato de nós não sabermos que consumimos diariamente um produto de tão baixa qualidade. Eu nunca havia me dado conta de que, com um gasto que cabe no orçamento pessoal ou familiar, eu poderia ter acesso aos melhores cafés produzidos no mundo, poderia ter acesso a qualidade. Fiquei muito surpresa com a variedade incrível de cafés que são produzidos no Brasil, as diversas maneiras de prepara-lo e o fato de que pouquíssimas pessoas o sabem.
Como a maioria dos brasileiros não tem acesso a esse tipo de informação e conhecimento? Perguntei-me como os produtores de café, essas pessoas fantásticas, produzem verdadeiras preciosidades e isso não chega até os cidadãos, nem mesmo nas capitais?
Afinal de contas nós somos ou não os maiores produtores de café do mundo e um dos maiores consumidores? O café é ou não é uma das marcas da nossa cultura?
Lembrava muito das conversas que tinha com meus amigos, onde criticávamos a baixa qualidade de muitas coisas que são produzidas no Brasil e consumidas por nós. Lembrava da diferença entre muitos produtos que consumimos aqui e no exterior, e muitas vezes pagávamos mais aqui para ter menos qualidade.
Aqui que entram aqueles vários aspectos de vivência que citei no começo, que vão construindo resultados peculiares na cabeça de cada um.
Apaixonei-me pelos métodos de preparo de café, pelas histórias das pessoas que estão envolvidas com os cafés especiais, por todas as peculiaridades no preparo de um café espresso, pelo potencial desse grão, pelo cuidado, detalhismo, amor e perseverança de todos que estão neste meio.
Não é um conto de fadas, é persistência e dedicação
Lindo! Pediu as contas, se apaixonou pelo café e viveram felizes para sempre.
Nada disso. Primeiro porque o café não foi a única coisa que avaliei como sendo uma possibilidade. É lindo, mas tive que sentir se isso estava realmente alinhado com os meus propósitos, se iria prender a minha motivação ao mergulhar de fato nesta jornada. Se os potenciais resultados iriam apaziguar aquela voz que te pede para fazer um algo a mais na vida.
Passou por uma análise financeira, não só para avaliar se o negócio seria sustentável, mas também se teria fôlego para levá-lo a frente. Estar com a corda no pescoço é um dos primeiros passos para transformar um sonho em pesadelo.
Estudei muito, tanto sobre café quanto sobre administração em geral. Cursos curtos e longos. Pagos e gratuitos. O instituto Endeavor me forneceu muito conhecimento valioso.
Quando formatei a ideia, eu a apresentei para vários amigos e profissionais que nem mesmo conhecia. Ia na cara dura mesmo, para saber a opinião e receber dicas e críticas. Ia aos lugares onde poderia encontrar as pessoas que gostaria de conversar e as abordava. Mandei e-mail e liguei para muita gente e fui super bem recebida por todos.
Passei por processos, inclusive societários. Alguns querendo entrar no projeto visando somente o que poderiam ganhar. Fiz e desfiz possíveis parcerias. Hoje possuo vários mentores por todo o Brasil e pelo mundo, que me auxiliam em diferentes aspectos da empresa. Tenho um advisor, com uma pequena parte da sociedade, que antes de perguntar o andamento das coisas pergunta o andamento da minha vida. Ele está muito alinhado com o propósito do negócio.
A equipe
Encontrei ao longo desse tempo muitas pessoas fantásticas, que deram e dão o sangue para ver a coisa prosperar. Não são somente ótimos profissionais, o que também não é lá muito fácil de encontrar, mas sobretudo, ótimas pessoas.
Lógico que sempre aparecem alguns not so cool, mas não permanecem por muito tempo.
Uma vez já tive vontade de desistir, não nego, muitos problemas sérios pipocando ao mesmo tempo. Entretanto isso foi muito bem endereçado por um dos meus mentores.
Tenho muitas motivações diárias para conduzir esta empresa, esse sonho que muita gente sonha junto comigo.
Cometi erros e ainda os cometo, agora com menor frequência. O pior deles posso dizer que foi o lidar com o tempo. Se eu pudesse dar uma dica preciosa para seu negócio seria “não perca tempo”, “faça agora”, “não espere tudo estar da maneira que você idealizou para ser colocado em prática”!
Outra coisa. Leia. Ler livros nunca é perder tempo. Aliás perdi tempo ao demorar a ler livros como Scrum, Startup Lean e Crush.
A criação do nosso marketplace de cafés especiais
Unindo a insatisfação, força da mudança, clareza de onde se quer chegar, dedicação e o apoio de pessoas fantásticas que nasceu o Troco do Café. Já nasceu com esse nome, bem brasileiro e acessível, assim como o propósito da empresa.
O Troco do Café vem com a força de quem quer sair de um trabalho neutro, em um escritório tradicional e quer fazer um trabalho positivo, com impacto na vida das pessoas.
Nós brasileiros, eu também sou uma persona do meu negócio, teremos acesso a esses cafés direto desses produtores dedicados, que estão produzindo qualidade. Além de acesso a informação, a diferentes métodos para preparar o nosso cafezinho e um espaço para vender nossos equipamentos usados.
O interessante é que cada café tem um post no blog, no qual contamos um pouco da história do produtor, das torrefações e cafeterias. Os posts então ficando super bacanas já que estamos captando umas coisas legais na vida e rotina deles. Eles mesmos se surpreendem muito com o resultado. Com isso estamos tendo um ótimo alcance. Quando a coisa é intimista, feita com carinho, flui melhor.
Os conteúdos do canal do youtube são todos colaborativos, tem gente do Brasil todo dando uma palhinha sobre diversos assuntos relacionado a café. São baristas, produtores, especialistas, mestres de torra.
O site Troco do Café é fantástico para os produtores, pois conseguimos desmonetizar, ou seja, diminuir o custo para ter a inclusão digital do seu produto. Imagina cada um desses produtores com um site lutando por presença digital, qual seria o alcance de cada um? Na nossa plataforma eles conseguem ser vistos a um baixo custo, cobramos uma pequena porcentagem pela intermediação do produto que é vendido. Se não vende não paga.
Além do mais, eles ganham muito mais pela sua produção já que diminuímos o número de intermediadores. Sem contar que agora eles podem ter acesso a um mercado consumidor tamanho do alcance da internet no Brasil.
Antes, muitas vezes, eles estavam restritos a vender o café beneficiado somente na sua região.
O café verde é outra história, mas na venda do café já beneficiando o ganho é muito maior. Vejam o caso da Alemanha, se tiverem curiosidade. É um dos países que mais faturam com o café, e eles apenas fazem o seu beneficiamento.
Com o Troco do Café estamos promovendo a democratização do acesso aos produtores aos canais de venda on line. O aumento da nossa presença digital e dos nossos clientes recorrentes trazem muitos benefícios aos produtores.
Hoje já faz mais de um ano desde que tudo começou, estamos lutando para que os cafés especiais sejam vendidos direto dos produtores e micro torrefações. Já que é sabido que algumas grandes empresas estão entrando neste segmento com seu conhecido apetite voraz e muita bala na agulha.
Lançamento do Troco do Café
O nosso marketplace de cafés especiais foi fundado em 27 de julho de 2016. Após muitos estudos e desenvolvimento a primeira versão do site entrou no ar em 31 de março de 2017. Depois disso muita coisa mudou, melhoramos algumas estratégias e criamos outras. Muita coisa vem naturalmente, como a ideia de fazer um post no blog para cada produtor.
No início éramos nós que cadastrávamos todas as informações dos cafés no site. Certa vez estava cadastrando um café de um produtor que gosto e admiro muito e percebi que o texto estava ficando grande! Foi aí que tive a inspiração de escrever as postagens sobre os produtores, pessoas especiais que tem muito a compartilhar conosco.
Hoje os anúncios dos cafés são criados pelos produtores, mas a gente sempre dá uma forcinha. Os posts no blog ficam conosco, e nós adoramos produzi-los.
Enfim, muita motivação, muito gratificante, muito dinâmico. Onde todo o esforço vale a pena.
Viste o Troco do Café. Conheça o primeiro Marketplace de cafés especiais do Brasil.
Ainda estamos em fase de melhorias, mas garantimos um ótima experiência na plataforma e nas informações!