Você e o Café

Ser empreendedor e a partida do Brasil e Costa Rica

Uma coisa que sempre me impressionou é como as pessoas lembram, com uma série de detalhes, de um gol, jogador ou uma partida de futebol que aconteceu há muito tempo atrás.

Gosto de futebol, mas nunca fui muito fã. Sou daquelas que assiste a copa do mundo e eventualmente os jogos o meu time. O cruzeiro, geralmente para acompanhar o meu pai.

Hoje, assistindo a Copa do Mundo, o jogo Brasil e Costa Rica, acho que finalmente terei aquela partida a qual irei me recordar por muito tempo.

Por que gosto de assistir a partidas da copa do mundo

Acredito que uma seleção de futebol reflete muito o pais de origem. A Alemanha, trabalhando atletas de base, com organização e trabalho a longo prazo. Conseguiram um bom resultado na última Copa.

A China, com sua pouca aptidão para o futebol, vem investindo em bons atletas e boas referencias para elevar o seu patamar. Importando bons jogadores e os estudando, quase em uma engenharia reversa. Daqui a pouco será novamente classificada.

A Argentina, nossos vizinhos, com um triste desempenho este ano. Representando a decadência em que o país atravessa.

A Russia, sua desconexão com a Copa do Mundo em seu país, refletindo a falta de interesse por tudo que não está na sua cultura. 

Gosto de ver os times, os jogadores, como as nações se aparentam.

Mesmo aqueles países que nacionalizam os jogadores a seu bel prazer, refletindo ainda seu status de colonizador, usurpando poder.

Isso não acontece com Portugal, que assim como nós, ainda sofre por um passado infame. Estão, não possuem mais poder. Mas resistem ainda com talento e força de vontade.

Onde estava assistindo o jogo do Brasil e Costa Rica

Empreendedora, vivendo uma fase parecida com o meio do segundo tempo do jogo Brasil e Costa Rica.

Minha televisão, só funcionava como smart TV, para acessar conteúdos do Youtube, Spotfy e Netflix.

Isso devido ao custo de vida bem enxuto, o pouco tempo extra para assistir a programas e a falta de interesse por aquilo que não leve em direção a  empresa.

Então estava como o Brasil, com o time todo no campo do adversário, utilizando todos os recursos para emplacar, fazer o gol. 

O time estava lá, todo no campo do adversário. Mas os passes, mesmo sendo todos em direção a um único objetivo, ainda estavam um pouco desajustados, com desperdício de energia, sem uma finalização de sucesso. Com erros e um certo desequilíbrio emocional pelo fato de carregar tanta expectativa e sede de vitória.

E eu estava ali assistindo a partida, conectada, sentada em uma padaria perto da minha casa. Levei meu café já moído, pedi água quente, o biscoito de queijo e passei meu café ali mesmo, em uma das minhas cafeteiras portáteis. Eram 9 horas da manhã.

Então, improvisando na hora de assistir a copa do mundo, estava na padaria, sem  grandes questões. Assim é ser empreendedor, uma mesa e uma cadeira em qualquer lugar já é o suficiente para resolvermos muitas coisas.

E, antes de tudo, a gente curte.

Já que está ali, interage com as pessoas. E não mede esforços para alguns minutos antes do jogo, moer o melhor café. Respeitando aquilo que adoro fazer, e que hoje virou negócio. 

Que é tomar aquele cafezão de qualidade, coisa boa mesmo. Prepará-lo com minhas parafernálias que gosto tanto. Coisa de coffee geek mesmo.

Enfim, estava lá curtindo. Me divertindo e me conectando com a nossa seleção brasileira, aquela partida que estava no meio, angustiante.

Quando percebi que realmente o jogo do Brasil e Costa Rica ia ser marcante

E lá estava o time do Brasil, jogando 100% para frente. As vezes xingando palavras não muito educadas. Pois apesar de estar jogando para o gol o tempo todo, o sucesso não vinha.

O Neymar, estressado, sentia o peso de tantas pessoas que estão depositando o resultado em seus ombros.

E eles jogavam, como time. Unidos na mesma direção. As jogadas individuais eram necessárias as vezes. Um jogador tomar todo o risco e experiencia para tentar algo não previsível. 

E finalmente aquele esforço, que não estava lá bem organizado.

Aliás, quantos daqueles jogadores já jogaram em copa do mundo? Qual a experiencia que eles possuem jogando juntos?

Quem aprendeu a empreender? Treinou empreendedorismo?

E daquele esforço obstinado, saiu o gol. E depois saiu outro.

Empreender, assim como jogar uma copa do mundo, não tem manual. Você pode assistir a vários jogos, ter um bom técnico, estudar muito, planejar, ter todo o esquema tático, uma boa equipe. Mas como todas essas coisas irão interagir e trazer um resultado, nunca é preciso.

Logico que tudo isso diminui a probabilidade de um erro, e contamos com isso para alcançamos a vitória.  Mas como tudo isso vai interagir, só na prática saberemos.

E por fim o 1 x 0 para o Brasil veio. E, contra todas as expectativas da maioria. Depois, já nos minutos de acréscimo, veio o segundo.

O choro do Neymar, denso, veio no final. Aquela estrela, um dos melhores jogadores de futebol do mundo, milionário com a vida ganha. Parou. E chorou igual menino pequeno.

A ironia no jogo Brasil e Costa Rica

No final do jogo Brasil e Costa Rica o placar ficou 2 x 0. E para muitos essa será a unica lembrança dessa partida.   

Pouca gente vai se lembrar dos detalhes.

De como a seleção ficou ali dentro do campo do adversário tentando todos os caminhos possíveis para chegar até o gol.

Como os próprios jogadores em muitos momentos pensaram que aquele jogo ficaria no zero a zero, mas continuaram a insistir. A esperança da vitória deve ter esvaído da cabeça deles muitas vezes. Mas como uma auto-motivação dentro de cada um os conduzia incessantemente para vitória.

Como eles se descontrolaram na raiva, catimbaram.

O choro do Neymar, sobrecarregado de tantas decisões difíceis que teve que tomar ao longo da partida. Do peso da responsabilidade do resultado, de ter um título de um grande profissional, e de ter que fazer a diferença na partida. O peso de ser um simples ser humano, fazendo seu trabalho, mas pesado pelas expectativas. Muitas geradas por dele mesmo.

E para aqueles que não assistiram a partida, os que não lá prestaram muita atenção. Ou simplesmente só estavam assistindo a mais um jogo.

Não irão lembrar da angustia, da raiva, do empenho, da auto-determinação, do esforço obstinado, da interação aleatória de todos os esforços para o sucesso. E do choro.

Dirão apenas.

Afinal, o Brasil tinha que ganhar da Costa Rica.

E quando o sucesso da empresa chega, no final do segundo tempo, depois de muitas investidas. Ninguém sabe ou se lembra dos esforços, da partida que você jogou.

Dirão apenas.

Afinal, ela deu sorte. 

Sobre o autor

Laila Agresta

Empreendedora, apaixonada por desvendar novos sabores e lugares. Se impressiona a cada dia mais com o café e todas a pessoas envolvidas nesta cultura. Em paz, sempre em busca de algo que a leve para o próximo nível, seja de auto-conhecimento, seja de potencial de modificação das coisas, seja no entendimento daquilo que realmente importa.